Especialidades exigem cada vez mais a expertise no manejo de equipamentos
Unidades Coronarianas e de Terapia Intensiva são ambientes de destaque quando o assunto é tecnologia na enfermagem. Diante de inovações cada vez mais ágeis, o desafio atual é encontrar profissionais especializados para utilizá-las, em uma demanda crescente que vai além da atual pandemia.
Capacitação tecnológica
Para o enfermeiro intensivista titulado ABENTI/AMIB Marcos Schlinz, a melhor forma de manter o contato com os diferentes equipamentos de tecnologia na enfermagem é focar na prática. Coordenador da pós-graduação em Terapia Intensiva e supervisor da especialização de Cardiologia e Hemodinâmica no IESPE, ele se preocupa em manter os conteúdos atualizados em meio às constantes inovações. Um exemplo é a atualização recente da ementa de Enfermagem em UTI, pronta para as turmas de 2020.
Com mais de 14 anos de experiência na área, enfermeiro também fez questão de incluir aparelhos reais nas práticas dos dois cursos. Na sede da instituição de ensino, as salas de aula se transformam em Unidades de Terapia Intensiva, com equipamentos para o atendimento de adultos e neonatos. Enquanto perdurar a ordem de isolamento social, a tecnologia também será aliada: módulos serão ministrados em tempo real por meio de uma plataforma online.
A preocupação de Marcos não é infundada. Muito além dos ventiladores mecânicos, em evidência este ano por causa da pandemia, hospitais possuem uma grande quantidade de equipamentos e precisam de profissionais capacitados para manuseá-los. “Além de fazerem parte do cotidiano da UTI, são primordiais para a monitorização e a manutenção dos pacientes graves ou potencialmente graves, em que o enfermeiro tem papel geralmente de maior responsabilidade, desde os testes, parametrização, habilitação (“set up”), conferência e monitorização contínua até a validação do equipamento”, explicou.
No início de abril, o Ministério de Saúde já anunciava que a situação é ainda mais preocupante em meio à pandemia. Em relatório oficial, o MS afirmou que “Há carência de profissionais de saúde capacitados para manejo de equipamentos de ventilação mecânica, fisioterapia respiratória e cuidados avançados de enfermagem direcionados para o manejo clínico de pacientes graves de Covid-19”.
Aparelhos e inovações
A enfermeira emergencista e intensivista coordenadora de Cardiologia e Hemodinâmica, Amanda Dias, confirmou que a área tem tido atualizações nas práticas e nos equipamentos. “Duas importantes inovações tecnológicas são o Ultrassom coronariano, que possibilita mensurar o diâmetro da coronária para avaliar a necessidade de inserção do Stent, e a troca de válvula aórtica por via percutânea”, destacou.
O USG coronariano, por exemplo, já é utilizado no dia a dia de enfermeiros da área. Já na Terapia intensiva, Marcos Schlinz destaca os seguintes aparelhos: monitor multiparamétrico, ventilador mecânico multiprocessado, bombas infusoras de medicações e dietas (parenterais e enterais), camas e colchões (elétricos), monitor minimamente invasivo, BIA – Balão Intra-Aórtico e monitor de PIC – Pressão Intracraniana.
Toda essa tecnologia está em constante atualização e se conecta com a área de Cardiologia e Hemodinâmica. “Em meio a tanta inovação tecnológica na área de saúde, tratando-se de cuidados intensivos, temos na atualidade uma crescente de investimentos e implementações de monitorização minimamente invasiva. Eles visam, por exemplo, a monitorização do débito cardíaco para a manutenção hemodinâmica otimizada do paciente grave ou potencialmente grave, com a mínima ‘invasão’ possível”, destacou Marcos.
De acordo com o enfermeiro, os modelos de monitorização minimamente invasiva são cada vez mais indicados pela comunidade científica e as associações de classes. Essa tecnologia diminui as chances de infecções nosocomiais e eventos adversos (indesejáveis) que potencializam os riscos de toda a terapêutica na UTI.
Além dos aparelhos, profissionais ainda precisam acompanhar outras atualizações da tecnologia na enfermagem, como de prontuários eletrônicos e comunicação interna no hospital. Portanto, ele enfatiza que para ser possível agir com o conhecimento e a destreza necessários é preciso muito estudo e prática. “O profissional deverá estar devidamente habilitado, desde o mais simples liga/desliga, até as particularidades de utilização, riscos, benefícios e alvo terapêutico”, finalizou.